terça-feira, 20 de agosto de 2019

A Deriva do Veneno Expulsa Agricultores de Suas Terras




Tem veneno no conflito

Em Confresa (MT), chuva de veneno expulsa agricultores familiares e polui as águas do território indígena Urubu Branco, onde vive uma comunidade de 800 pessoas



Foto: José Cícero da Silva/Agência Pública

da Agência Pública 

Tem veneno no conflito

Por Julia Dolce | Fotos: José Cícero da Silva
“A senhora pode aguentar tudo, resistir à pressão de todo o tipo, mas quero ver aguentar o veneno”, ouviu Valdiva de Oliveira e Silva, hoje com 66 anos, de um funcionário de “Gilbertão”, que queria expulsá-la de seu lote, no assentamento Gleba Novo Horizonte, em Confresa, Mato Grosso. O grileiro Gilberto – preso por grilagem, ameaça e uso de violência em 2009 – foi certeiro na previsão. A agricultora, uma liderança conhecida por suportar as ameaças de morte e agressões físicas de capangas, acabou vencida pela chuva de agrotóxicos despejada pelas produtoras de soja sobre os pés de pequi e laranja que lhe davam o sustento – quando as vacas começaram a morrer, ela foi a última a deixar a casa na comunidade de 80 famílias.
“Só não resisti ao veneno. Eu fiquei com a terrinha de 36 alqueires, no meio de uma área de 16 mil hectares de lavoura de cana. Era avião o dia inteiro, jogando inseticida, herbicida. Eles usavam de estratégia, minha área virou ponto de manobra do avião, ele fazia o retorno em cima da minha terra. O vento puxava o veneno e vinha uma chuva em cima de nós”, relata.

Deriva e passeios artisticos ou: Fazendo spin pelas ruas da cidade-estado...



Cildo Meireles: em uma de suas obras mais conhecidas, artistas batia de frente com a repressão, questionando as circunstâncias da morte do jornalista Vladimir Herzog, durante o regime militar brasileiro
Os passeios artísticos
Obra atualiza os estudos da "deriva", proposta de caráter artístico e político, iniciada na Itália, dos anos 1960
A arte não pode ficar trancafiada entre quatro paredes. Precisa ganhar o mundo e interagir, principalmente, com o espaço urbano e a vida, daí buscar novos desvios ou brechas, como prenunciou o teórico francês Guy Debord, conhecido pelos estudos em torno da sociedade do espetáculo, no texto-manifesto "Teoria da deriva", escrito em 1958. O tema agora é retomado em estudo que se notabiliza pela precisão, clareza e pesquisa, materializado no livro "Novas derivas", do crítico de arte italiano Jacopo Crivelli Visconti.
Na obra, o autor revisita a deriva, um dos procedimentos da Internacional Situacionista (IS), movimento artístico e político criado no fim dos anos 1960, na Itália, com repercussão em várias partes do mundo. A ação, normatizada pelo teórico da sociedade do espetáculo, consistia simplesmente em perambular a pé, explorando o comportamento "lúdico-construtivo", opondo-se às noções de viagem ou passeio. A partir dessas andanças, os adeptos da prática descobriram uma nova maneira de fazer arte, incorporada mundo afora, sendo um dos principais preceitos a produção de uma arte não comercializável.
O autor analisa o contexto das derivas desde os anos 1960, passando pela década de 1990, até chegar ao século XXI. "Como boa parte da produção contemporânea mais instigante, as novas derivas funcionam dentro de um universo que pode ser definindo citando o teórico francês Nicolas Bourriaud", defende a estética relacional, que consiste em uma função social da arte. Assim, pode gerar novas relações, "mesmo no âmbito peculiar do museu ou da galeria, essas obras contribuem para o nascimento e o fortalecimento de uma nova sociedade, criando instrumentos para novas possibilidades de convivência". Hoje, cada vez mais o conceito tem sido revisitado, como demonstra o autor do livro.
Nessa perspectiva, "derivar" pode ser entendido como uma releitura de flanar, como fazia na Paris do início do século XX, o pai da modernidade, Charles Baudelaire (1821-1867). Embora, Debord considerasse o "flâneur" alienado. A deriva está intimamente relacionada ao espaço urbano, por isso, não por acaso, seus adeptos praticam ações que surpreendem. A realização de caminhadas é uma delas, assim como a criação de cartografias marcadas pelos afetos, citando a criação de mapas de cidades, frutos da imaginação de um artista-andarilho. Até mesmo seguir pessoas são ações que, à primeira vista, podem parecer mais interferências na cidade do que propriamente manifestações artísticas, no sentido ortodoxo do termo.
Transformação

A DTeoria da derivaeriva na Arte


Teoria da deriva é da autoria do pensador situacionista Guy Debord. Foi criada em 1958 e publicada, em esboço, na Revista Internacional Situacionista[1]

Método[editar | editar código-fonte]

Poster de 2004 anunciando uma grande deriva em Londres organizada por uma associação de psicogeógrafos
Desde então vários investigadores, de meios académicos ou não, têm desenvolvido estudos urbanos simples ou aprofundados sobre o tema em dissertações e teses. Muitas pessoas que hoje estudam geografia urbana recorrem à deriva como forma de pesquisa e de praxispolítica.
A deriva é um procedimento psicogeográfico: estudar os efeitos do ambiente urbano no estado psíquico e emocional das pessoas que a praticam. [2]Partindo de um determinado lugar, a pessoa ou grupo que se lança à deriva seguirá uma rota indefinida, deixando que o próprio meio urbano 'os leve' ao acaso, pelo caminho que segue.

Teoria[editar | editar código-fonte]

Quem deriva terá no entanto todo o interesse em traçar um mapa do seu percurso. Esse mapa ilustrará anotações que servirão para compreender os motivos que o leva a seguir este ou aquele caminho: virando à direita ou à esquerda e não seguindo em frente, parar em certa praça e não em outra, perceber em suma por que razão a mente induz sensações agradáveis ou desagradáveis.
Tem a teoria em vista transformar o urbanismo, a arquitetura e a cidade. Na prática, consiste em construir ou reconstruir um espaço em que todos os habitantes são agentes construtores e em que a cidade é vista como um todo.
Estas ideias, formuladas pela Internacional Situacionista entre as décadas de 1950 e 1970, consideram que o meio urbano em que vivemos é motivador da deriva, tornando a cidade um espaço de liberdade.

Referências

Ver também[editar | editar código-fonte]

FILMES


A Deriva na Geologia

A Deriva na Agricultura : O que é Deriva? - 05

A vida como ela é em "É Deriva" , por Ramiro Costa

Com sequências rápidas e diálogos curtos, o filme brasileiro "É Deriva" do diretor Heitor Dhalia (O cheiro do ralo e Nina) une as questões do comportamento humano com a boa atuação do elenco principal. A protagonista Filipa, de 14 anos, [Laura Neiva] encara a transição da juventude para a fase adulta em meio às descobertas do amor, de traições e mentiras. No elenco estão também Debora Bloch, que vive a mãe de Filipa, Clarice, e o pai, Mathias, interpretado pelo ator francês Vicent Cassel. Cauã Reymond faz uma discreta participação. 

Mathias é um escritor de livros e passa por uma crise matrimonial com sua mulher, Clarice. Sob o olhar de Filipa, o público assiste à pulverização do casamento entre os dois e o sofrimento da garota. A jovem descobre a traição de seu pai, se desencantando com a figura paterna. Ao mesmo tempo, precisa lidar com o sofrimento da mãe, em meios aos choros e bebedeiras.

Filipa ainda cruza com um amor de verão. Na turma de amigos, ela tem contato com uma nova traição. Para isso, o olhar no rosto da estreante Laura Neiva sempre passa uma tristeza sem horizonte. Em meio as decepções com um pai traidor e uma mãe sentimentalmente abalada, que recorre ao álcool para diminuir sua dor, Filipa vira quase que uma suicida em potencial. Ela ainda precisa ajudar seus dois irmãos mais novos durante a separação. 

Para equilibrar as cenas de drama, "É Deriva" tem uma bela fotografia, abusando do uso de imagens da praia, do sol e da paisagem de Búzios, onde se passa o filme. Em alguns momentos, a história parece ser contada alguns anos depois, mesmo sem recorrer ao flashback.
Coprodução da O2 filmes, de Fernando Meirelles, É Deriva foi apresentado no Festival de Cannes em maio. Na ocasião, o longa-metragem foi aplaudido por mais de cinco minutos, aclamado por jornalistas e pela crítica. Com estreia marcada para o dia 31 de julho, É Deriva 'incomoda' o público mostrando "a vida como ela é", cheia de traições, sem rodeios. Filipa é apenas a representação do ser humano que segue a maré, às vezes, sem rumo certo, perdido, à deriva.
Veja o trailler:



Deriva

O cérebro é uma área crítica do ser humano. Mas, suas crenças, valores e estado fisico ou psíquico não deixam de fazer parte do próprio ser humano.

O termo "crítica" deriva do termo grego kritike, significando "a arte de discernir", ou seja, o fato de discernir o valor das pessoas ou das coisas. Análise sistemática das condições e consequências de um conceito; significa a teoria, a disciplina ou uma aproximação e uma tentativa de compreender os limites e a validade de um conceito