terça-feira, 20 de agosto de 2019

A vida como ela é em "É Deriva" , por Ramiro Costa

Com sequências rápidas e diálogos curtos, o filme brasileiro "É Deriva" do diretor Heitor Dhalia (O cheiro do ralo e Nina) une as questões do comportamento humano com a boa atuação do elenco principal. A protagonista Filipa, de 14 anos, [Laura Neiva] encara a transição da juventude para a fase adulta em meio às descobertas do amor, de traições e mentiras. No elenco estão também Debora Bloch, que vive a mãe de Filipa, Clarice, e o pai, Mathias, interpretado pelo ator francês Vicent Cassel. Cauã Reymond faz uma discreta participação. 

Mathias é um escritor de livros e passa por uma crise matrimonial com sua mulher, Clarice. Sob o olhar de Filipa, o público assiste à pulverização do casamento entre os dois e o sofrimento da garota. A jovem descobre a traição de seu pai, se desencantando com a figura paterna. Ao mesmo tempo, precisa lidar com o sofrimento da mãe, em meios aos choros e bebedeiras.

Filipa ainda cruza com um amor de verão. Na turma de amigos, ela tem contato com uma nova traição. Para isso, o olhar no rosto da estreante Laura Neiva sempre passa uma tristeza sem horizonte. Em meio as decepções com um pai traidor e uma mãe sentimentalmente abalada, que recorre ao álcool para diminuir sua dor, Filipa vira quase que uma suicida em potencial. Ela ainda precisa ajudar seus dois irmãos mais novos durante a separação. 

Para equilibrar as cenas de drama, "É Deriva" tem uma bela fotografia, abusando do uso de imagens da praia, do sol e da paisagem de Búzios, onde se passa o filme. Em alguns momentos, a história parece ser contada alguns anos depois, mesmo sem recorrer ao flashback.
Coprodução da O2 filmes, de Fernando Meirelles, É Deriva foi apresentado no Festival de Cannes em maio. Na ocasião, o longa-metragem foi aplaudido por mais de cinco minutos, aclamado por jornalistas e pela crítica. Com estreia marcada para o dia 31 de julho, É Deriva 'incomoda' o público mostrando "a vida como ela é", cheia de traições, sem rodeios. Filipa é apenas a representação do ser humano que segue a maré, às vezes, sem rumo certo, perdido, à deriva.
Veja o trailler:



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